Impulsionado por uma intriga nas ruínas da arquitetura romana, o arquiteto e fotógrafo brasileiro Olympio Augusto Ribeiro realizou uma análise comparativa fascinante de gravuras arquitetônicas de Giovanni Battista Piranesi e as cenas tal como estão hoje. Ao viajar para cada uma dessas obras italianas, Ribeiro conseguiu recriar o ângulo original dos desenhos de Piranesi, criando uma composição entre a fotografia e o desenho para criar colagens que cruzam os diferentes momentos de cada projeto.
Os desenhos de Piranesi mostram diferentes estilos arquitetônicos, e foi essa convivência que incitou Ribeiro a investigar o que mudou em Roma e Tivoli desde a sua concepção. O projeto, oficialmente chamado de "Projeto Piranesi (Em busca da Roma de Giovanni Battista Piranesi, 1720-1778)", levou dois meses para fotografar e recriar meticulosamente as imagens de Roma, Villa Adriana e Tivoli.
Ribeiro explica que a história sempre foi a parte mais intrigante durante sua formação na escola de arquitetura, o que lhe permitiu expandir ainda mais em seu fascínio sobre as transformações pelas quais passou o império romano
Enquanto cursava a faculdade de arquitetura, as aulas de história eram das que mais interessavam e aguçavam ainda mais a minha curiosidade sobre as transformações pelas quais passou o império romano, e sua transmutação em uma nova realidade na qual a antiga glória estética teve que conviver com a idade das trevas, depois de sua queda. Durante o curso de restauração passei a entender um pouco mais sobre como as ruínas chegaram ao nosso tempo, e todo o processo de dilapidação pelas quais passaram as construções daquela época, bem como entendi um pouco mais sobre as diversas reconstruções e o processo de conservação desses monumentos. No entanto, me faltava entender como esses 2000 anos de transformações resultaram nessa mescla de estilos e sobreposições. - diz Ribeiro.
Piranesi criou suas gravuras 1500 anos após a queda do império romano. As ilustrações retratam a convivência entre aldeias medievais, arquitetura barroca e ruínas do império, e são comumente anunciadas como uma forte influência para o neoclassicismo. O toque poético e artístico de Piranesi lhe permitiu retratar os edifícios como se fossem uma "ruína fantástica", e a expressividade das gravuras as tornam ainda mais impressionantes.
Ao retornar ao Brasil, Ribeiro começou a compor as colagens, fundindo desenhos de Piranesi, de meados do século XVIII, com suas fotografias digitais coloridas. Ele disse que tentou ser o mais fiel possível nas escolhas dos trechos a serem sobrepostos, porém também trabalhou com sua liberdade artística.
Confira a galeria completa abaixo e veja como os locais evoluíram.